GOMA FILMES, MIRAVISTA E GUARANÁ ANTARCTICA APRESENTAM
UM FILME DE DANIEL BACCARO
26 DE NOVEMBRO NOS CINEMAS
“TODA REVOLUÇÃO TEM UM COMEÇO”
“DAS PISTAS PARA O CINEMA”
“NOS ANOS 80 ALGUNS GAROTOS BRASILEIROS ACREDITARAM NO IMPOSSÍVEL E MUDARAM O JEITO DE VER E A MANEIRA DE ANDAR DE SKATE NO BRASIL”
“Vida Sobre Rodas” conta a trajetória do skate brasileiro nas últimas décadas através das histórias e manobras dos 4 maiores ídolos nacionais da atualidade Bob Burnquist, Cristiano Mateus, Lincoln Ueda e Sandro Dias.
O documentário “Vida Sobre Rodas”, do diretor Daniel Baccaro, primeiro longa-metragem de skate feito no Brasil, estreia no dia 26 de novembro nos cinemas de todo o país.
Com a produção da Goma Filmes, co-produção da Miravista e distribuição da Buena Vista International, o longa conta a trajetória do skate brasileiro nas últimas décadas através das histórias e manobras dos 4 maiores ídolos nacionais da atualidade neste esporte: Bob Burnquist, Cristiano Mateus, Lincoln Ueda e Sandro Dias.
Assinado por Guilherme Keller, o roteiro foi baseado nas idéias do diretor Daniel Baccaro, que teve a sua vida sempre ligada ao skate – segundo esporte mais praticado no país. Orçado em 2,7 milhões reais, a produção executiva é de Jean Paulo Lasmar. A montagem foi realizada por Willem Dias que também trabalhou em “Cabra Cega”, “Os 12 Trabalhos e “Os Matadores”, de Beto Brant, vencedor de Melhor Montagem no Festival de Gramado.
O diretor passou três anos coletando depoimentos e selecionando imagens de arquivo. As primeiras filmagens só aconteceram no GAS Festival em setembro de 2007. No ano seguinte, captou os depoimentos das personalidades do mundo do skate e imagens de performance com os quatro protagonistas no Brasil e EUA. A pós-produção e a finalização duraram mais dois anos. Foram seis anos entre a idealização do projeto até o lançamento nos cinemas.
O resultado é um longa que tem sua narrativa construída em depoimentos emocionantes e imagens de arquivo de verdadeiros mitos do skate brasileiro e mundial como: Thronn, Sérgio Negão, Jorge Kuge, Glauco, Daniel Bourqui, Christian Hosoi, Tony Hawk, Lance Mountain, Danny Way, Márcio Tanabe, Eduardo Badeco, Mauro Mureta, Léo Kakinho, Digo Menezes, Lemuel Dinho, entre outros, além dos quatro protagonistas.
ELENCO:
BOB BURNQUIST
CRISTIANO MATEUS
LINCOLN UEDA
SANDRO DIAS
PARTICIPAÇÃO ESPECIAL:
CHRISTIAN HOSOI
DANNY WAY
LANCE MOUNTAIN
MÁRCIO TAROBINHA
TONY HAWK
TONY MAGNUSSON
SINOPSE:
Mais do que um filme sobre skate ou skatistas, “Vida Sobre Rodas” conta histórias de superação, coragem, amizade e determinação de jovens que acreditaram em um sonho e realizaram o impossível.
Emocionado, o skatista Lincoln Ueda afirma que o apoio de seu pai, assíduo freqüentador das competições disputadas pelo filho, foi fundamental para seu desenvolvimento no esporte. Um depoimento pessoal, mas que retrata um dos fatores fundamentais para o desenvolvimento do skate no Brasil, o fim do preconceito. Pais como o de Ueda deixaram de ver o “carrinho” como coisa de marginal ou desocupado e passaram a apoiar seus filhos encarando o skate profissionalmente. A história se repetiu com Sandro Dias, o Mineirinho, Cristiano Mateus e Bob Burnquist, quatro dos principais nomes do esporte no país e protagonistas do longa “Vida Sobre Rodas”.
O filme narra as últimas décadas do esporte no Brasil, seu vertiginoso crescimento e desenvolvimento técnico pela ótica de quem participou de toda essa revolução. Depoimentos e imagens de skatistas, jornalistas e empresários formam um mosaico que retrata os obstáculos superados pelo skate, hoje o segundo esporte mais praticado no país. No início dos anos 80, o cenário era desolador, faltavam pistas, equipamentos e apoio aos praticantes. Aos poucos, foram surgindo grupos de skatistas em São Paulo, ABC e interior. Em São Bernardo estava a pista mais famosa da época, enquanto Guaratinguetá abrigava o único campeonato nacional.
Para completar o cenário, atitudes descabidas, como a proibição do esporte nas ruas de São Paulo pelo então prefeito Jânio Quadros e tropeços políticos como o Plano Collor, que arrasou a economia brasileira, tiveram efeitos devastadores no skate. Com o passar dos anos, o skate deixou de ser um esporte marginalizado e se expandiu, ganhou as ruas, tornando-se uma febre. Grandes nomes do esporte mundial, como Christian Hosoi e Tony Hawk, vieram se apresentar no país. Passagens retratadas no filme.
Esse sucesso muito se deve ao que Lincoln Ueda, Sandro Dias, Cristiano Mateus e Bob Burnquist fizeram pelo skate. Mais do que mudar o jeito de se praticar o esporte no país e no mundo, os quatro, assim como Digo Menezes, Mauro Mureta, Léo Kakinho, Sérgio Negão, entre muitos outros, mudaram a forma de como o skate é visto mundialmente. Venceram o preconceito, as barreiras no país e também a desconfiança em competições internacionais. Assim, podemos dizer que “Vida Sobre Rodas” é um documentário de muitas histórias, mas é, acima de tudo sobre como jovens, muitas vezes sem nada em comum além da paixão pelo skate, transformaram o esporte no país.
DIREÇÃO:
BIOGRAFIA E ENTREVISTA
DANIEL BACCARO
“TIVE A OPORTUNIDADE DE TRABALHAR COM UM ELENCO INCRÍVEL E UMA EQUIPE APAIXONADA”
Daniel Baccaro realizou entre outros trabalhos, “Na Trilha das Ondas” na Indonésia (2001) e no Panamá (2003) e “Jail for Life - Vídeo Retrospective” (2003). Sócio-fundador da produtora Goma Filmes, o diretor exerce também as atividades de produtor, diretor de arte e montador. Formado em Desenho Industrial pela Universidade São Judas Tadeu, tem vasta experiência na área de artes visuais. Além de ser músico, trabalhou no American Atelier na Califórnia (EUA) como designer, experiência na qual construiu um repertório em produções gráficas. A partir de 2004 produziu alguns curtas-metragens de ficção, como “20 a 20”, “Homogêneo” e “O Outro Jorge”. O documentário “Vida Sobre Rodas” é seu primeiro longa-metragem.
Como tudo começou, o primeiro estalo, a primeira idéia? Quanto tempo do início das filmagens até a finalização?
Em 2004, lembrei das filmagens que Nelson Mateus e Jorge Ueda faziam da galera do skate e imaginei que aquele material poderia se transformar em um documentário. Decidi ligar para Cristiano Mateus e comentar sobre essa idéia. Ele curtiu, e logo no dia seguinte apareceu com cerca de 40 horas de material e prometeu mais fitas VHS. Na semana seguinte encontrei com Ueda que, prontamente, disponibilizou seu acervo também. O mesmo veio acontecer com o Sandro e em seguida com o Bob. Nesse momento somavam-se 250 horas de imagens de arquivo e com possibilidades promissoras de realizar um longa-metragem. Todo esse material, somado a alguns rascunhos de textos e desenhos me ajudaram a criar o título “Vida Sobre Rodas” e formatar o argumento do filme.
Qual a sua relação com a pista da Ultra e o Skate?
Comecei a andar de skate aos nove anos de idade no bairro da Mooca, na rua em frente de casa. Alguns anos depois conheci a temida pista de São Bernardo do Campo. Era a primeira vez que eu andava em uma pista de skate, e nesse momento tive uma sensação tão envolvente que passei a freqüentar quase que diariamente a pista. Depois de alguns anos andando em São Bernardo fiquei sabendo pelo programa Grito da Rua que havia uma nova pista em São Paulo, a Ultra Skate Park. No final de semana seguinte conheci a pista, foi paixão à primeira vista, o half de madeira tinha dimensões assustadoras para um moleque de 14 anos.
Você usou uma linha de tempo no filme que mostra a história das últimas décadas do skate e retrata a trajetória do Bob Burnquist, Cristiano Mateus, Lincoln Ueda e Sandro Dias. Por que narrar esta época e os quatro? Eles mudaram o jeito de praticar o esporte no Brasil e no mundo?
Foi um período de transição do skate, saímos da marginalização e ganhamos prestígio. Não poderia deixar de retratar os anos 80 e 90, uma época folclórica protagonizada por grandes personagens, como Thronn, Mureta, Sérgio Negão, Léo Kakinho, Digo Menezes e muitos outros. Uma geração marcada por grandes eventos com skatistas internacionais, como Christian Hosoi, Tony Hawk, Lance Mountain e Tony Magnusson, que ajudaram a difundir o skate no Brasil. E acontecimentos marcantes, como a proibição do skate pelo então prefeito de São Paulo Jânio Quadros, e mais tarde, o Plano Collor que quase aniquilou o mercado do skate brasileiro. O longa exibe esse mosaico de fatos somados à trajetória dos quatro protagonistas que revolucionaram o esporte no país e levaram ao mundo o reconhecimento do skate brasileiro.
Como foi a pesquisa para o documentário? Onde você conseguiu as imagens?
Além dos acervos do Cris, Ueda, Sandro e Bob começaram a chegar outros, como os de Jorge Kuge, Badeco e Davilson (Programa Grito da Rua), Turco Loco (Programa Conexão Skate) e alguns arquivos de amigos. Outras contribuições importantes foram a dos fotógrafos que registraram a história do skate brasileiro, arquivos de emissoras de TVs, revistas e jornais. Chegamos a cerca de mil horas de material de arquivo e mais de cinco mil fotos, além de centenas de matérias de jornais e revistas. Todo esse material foi catalogado pelo Renato Barcellos que é um grande amigo desde a época da Ultra.
O filme traz depoimentos de skatistas que pertencem a diferentes universos. Quais foram os critérios usados para a escolha dos personagens?
No início queria entrevistar um grande número de pessoas e organizei os nomes em grupos conforme regiões e temas relacionados. Porém, no decorrer do processo esse critério foi transformado, passei a usar como orientação os próprios depoimentos que nos davam argumentos para selecionar os próximos entrevistados. Outro critério determinante foi o estudo de todo acervo que nos deu uma base sólida para decidir quais pessoas iríamos dar voz. Escolhemos aquelas que conectavam com o enredo e que tivéssemos imagens para ilustrar. Cada entrevistado teve sua particularidade e contribuição na história do skate independentemente do seu universo e essa diversidade colaborou para dinâmica do documentário.
Qual o depoimento mais divertido?
Em todos os depoimentos tentamos extrair o lado descontraído de cada entrevistado e fiquei surpreso com o resultado que conseguimos. Dos gringos, Hosoi foi sem dúvida o mais divertido, e além de ter uma relação fortíssima com os brasileiros, mostrou-se desinibido diante das câmeras, trazendo naturalidade em seu depoimento. Dos brasileiros, destaco os depoimentos do Thronn e Glauco. Ambos foram realizados em espaços pequenos que mal cabiam o equipamento e a equipe. Às vezes era inevitável alguém gargalhar na entrevista de tão espontânea. As histórias em alguns momentos pareciam surreais de tão engraçadas.
E desenvolver o projeto, teve alguma dificuldade em convencer algum entrevistado, principalmente estrangeiro, a participar do filme?
Tenho que agradecer a comunidade do skate por ter adotado o “Vida Sobre Rodas”. Todos os entrevistados foram muito prestativos para o bom andamento do documentário. Em relação aos estrangeiros, a participação de Bob foi decisiva. No início do projeto, conversamos a respeito da necessidade de entrevistar os skatistas americanos, como Tony Hawk, Christian Hosoi, Danny Way, Lance Mountain e o sueco Tony Magnusson, que também reside na Califórnia. Naquela época Bob estava produzindo o filme de “The Reality of Bob Burnquist”, dirigido pelo Jamie Mosberg, e decidimos que o próprio Jamie seria o produtor ideal para o trecho a ser captado na Califórnia. Além de skatista, produtor e diretor de filmes, ele tem um ótimo relacionamento com a comunidade do skate americano. Foi a aposta certa para a produção nos EUA.
Nas filmagens você encontrou pessoas que conhecia e não via há muito tempo? Teve algum fato curioso de reencontro?
Foi divertido relembrar com a galera do skate alguns momentos que marcaram a nossa juventude. Recordamos o campeonato do Country Clube de Taubaté quando o Sandro dirigiu um trator com todos os skatistas amadores na caçamba. Fizemos uma bagunça tremenda que quase levou ao cancelamento do evento. Outro fato engraçado foi Circuito Mad Rats amador que teve em São Bernardo. Eu estava correndo uma bateria e dropei de roll in, cai no flat e bati a cabeça. Fiquei apagado por alguns segundos, acordei com o Marcio Tanabe falando ao microfone “ele morreu… ele morreu…”. Quando relembrei esse fato com o Márcio, ele ficou sem graça e perguntou: “eu fiz isso?”. Eu disse: “Pior que fez”. “Devo ter feito mesmo, eu era foda, não tinha jeito!”. Demos boas risadas relembrando esse episódio.
Você já teve experiência com outro esporte radical nos filmes “Na Trilha das Ondas”, captados na Indonésia (2001) e no Panamá (2003). Essa experiência anterior ajudou no “Vida Sobre Rodas”? Você acha que de alguma maneira o surf e o skate estão ligados?
Com certeza estão interligados. Tive a oportunidade de dirigir dois episódios da série de documentários “Na Trilha Das Ondas”, que foram gravados em dois países totalmente diferentes. No geral, um filme documental exige atenção para lidar com o acaso e, nesse sentido, o surf traz em primeiro plano essa exigência, já que retratamos um fenômeno gerado pela natureza. No skate, temos como controlar o cenário, mas mesmo assim exige a mesma atenção. O skatista pode tentar uma manobra exaustivamente o dia todo e só no final da sessão conseguir executá-la. Nesse momento, tudo tem que estar em sincronia para que o momento seja registrado com sucesso.
O filme tem muitos entrevistados, imagens antigas de arquivo e cenas de manobras. Como foi o processo para chegar ao corte final?
Ficamos quase 4 anos decupando todo o material de arquivo, depoimentos e performance dos atletas, até que o Willem começasse a montar o filme. Na primeira etapa, a montagem durou quatro meses. Entendemos que um afastamento seria saudável para o projeto e fizemos uma pausa por três meses, para consolidar as idéias que haviam sido propostas. Nesse período, reavaliamos o material bruto no sentido de buscar imagens e depoimentos extras que poderiam fortalecer o enredo narrado naquela fase da montagem. Finalizado esse processo, voltamos à ilha de edição e após um mês alcançamos um corte mais preciso. Novamente usamos o mesmo conceito de afastamento e pesquisa que durou mais um mês. Por fim, trabalhamos uma semana intensamente ajustando todos os detalhes e chegando ao corte final.
Como foi trabalhar com a equipe e o elenco do “Vida Sobre Rodas”?
Tive a oportunidade de trabalhar com um elenco incrível e uma equipe apaixonada. Queria agradecer ao Bob, Cristiano, Lincoln e Sandro por se unirem para realizar o “Vida Sobre Rodas”. Esse filme não seria possível sem a contribuição deles e a dedicação de Jean Paulo Lasmar, que além de um produtor excepcional tem me acompanhado em todos os meus projetos. Queria deixar registrado o trabalho incrível feito pelo Guilherme Keller, por seu amor incondicional ao filme. Ao Renato Barcellos, pela incansável busca em fazer a melhor pesquisa para o documentário. Ao Márcio Leal por me acompanhar no “Na Trilha das Ondas” e apostar em mais essa nova história. A Willem Dias, Daniel Pommella, PIerre De Kerchove, Jamie Mosberg, Mauricio Takara, Daniel Ganjaman, Mateus de Paula e Alberto Lopes por apostarem no projeto. Aos patrocinadores e apoiadores do filme que investiram para que o “Vida Sobre Rodas” se tornasse uma realidade. E finalmente a todos os colaboradores visíveis e invisíveis que gentilmente cederam seus acervos e participaram desse longo projeto.
BIOGRAFIA E ENTREVISTA
BOB BURQUINST
“É MUITO MAIS DIFÍCIL ABRIR PORTAS, MAS QUANDO ELAS ESTÃO ABERTAS, AS OPORTUNIDADES AUMENTAM E MUITOS ACREDITAM QUE PODEM”.
Bob Burquinst foi o primeiro Skatista Brasileiro a vencer uma competição Internacional: Slam City Jam 1995 no Canadá. A partir daí se tornou um dos skatistas mais conhecidos do mundo (hoje Tony Hawk é seu fã), conquistou dezenas de campeonato e foi o brasileiro pioneiro na Mega Rampa.
Algumas das suas principais conquistas foram: Hepta Skatista do Ano (incluindo Thrasher e TWS), Saltou do Grand Canyon (Skate e B.A.S.E), Bicampeão Mundial pela WCS, Troféu Laureus Award de Atleta Alternativo de 2001, Campeão Brasileiro de Vertical, 20 Medalhas no X Games no total (8 de ouro), Campeão King of Skate 2002 (criatividade, design e execução), Tetra Campeão de Megarampa, Tetra Campeão Rio Vert Jam, Outsider do Ano (Revista Outside).
Como foi o início da sua carreira? Quais as dificuldades enfrentadas no Brasil e fora do país?
No Brasil, a maior dificuldade era o material e as pistas. Mas independente disso, eu me lembro de ter andado muito de skate, e me divertido bastante com meus amigos. Sempre sonhei em andar de skate pelo resto da vida. Como nasci com dupla nacionalidade e aprendi o inglês desde cedo com o meu pai, eu tive a oportunidade de correr atrás do meu sonho aqui nos EUA, onde estão as marcas fortes e a grande mídia do skate. Mas quando morava no Brasil, fazia o que podia. Essa experiência de constante luta pelo sonho deixou em mim uma personalidade de não desistir nunca.
A pista da Ultra teve uma importância fundamental. Você achava que a Ultra teria toda essa visibilidade na história do Skate do país, ajudando na “popularização” do esporte e até mudando o jeito de praticar skate?
A Ultra mudou o Vertical no Brasil. Foi a primeira rampa de madeira com padrões internacionais, e isso alavancou muito nossa evolução. Era um ponto de encontro por ser uma rampa de alta qualidade. Profissionais e amadores de todas as pistas do Brasil se reuniam na Ultra em eventos e sessões variadas. A Ultra foi onde eu aprendi a andar. Foi lá que se instalou o meu amor pelo Skate. Naquela época, o skate Vertical era o mais praticado. O street ainda estava se desenvolvendo. O skate tem muitos ramos e galhos. A Ultra foi um tronco para o skate Brasileiro junto com o movimento do skate Street pelas ruas de SP, as pistas de cimento como São Bernardo, São Caetano, Prestige e ZN. Todas elas ajudaram a completar a identidade do skatista Brasileiro daquela época. Até hoje sentimos a influência desses pontos positivos do Skate no país. Em todos os ramos temos skatistas de ponta.
O que você achou da idéia de fazer um documentário sobre skate que tem como cenário o Brasil?
ÓTIMA! Quanto mais cavamos e nos aprofundamos na História do skate Brasileiro, melhor. Isso tudo é motivo pra muito orgulho. No meu caso, lembranças muito especiais porque em paralelo é a historia de parte da minha vida, minha infância, minha juventude.
Hoje você é ídolo do segundo esporte mais praticado no Brasil e que nos anos 80 era marginalizado, além de ser referência para essa nova geração de skatistas. Como encara isso? Achava que chegaria tão longe com o skate?
Eu sempre encarei como uma missão. Andar de skate é um dom que Deus me deu, e eu batalhei muito para melhorar e me manter relevante. Sei que tive uma grande influência junto com tantos outros nomes do skate Brasileiro pra inspirar a molecada a dar o “rolê” deles e acreditarem mais em si mesmos. Tudo é possível quando existe determinação. É muito mais difícil abrir portas, mas quando elas estão abertas, as oportunidades aumentam e muitos acreditam que podem. No meu caso, eu lembro ter tido uma explosão de energia e motivação quando o Lincoln Ueda ficou em 4° lugar no Mundial da Alemanha. Aquilo foi algo que não esperávamos e eu estava dentro de um Taxi e lembro que falei pro taxista que um skatista brasileiro, amigo meu, conseguiu essa colocação num evento mundial de skate na Alemanha. Deu-me um orgulho e me encheu de esperança para o futuro. Isso foi em 89! E seis anos depois, eu consegui ganhar o evento do Slam City Jam no Canadá. Se não fosse o Ueda, pode ser que eu não tivesse tido essa vontade toda. Eu nunca imaginei que chegaria aonde cheguei com meu skate. Eu só sabia de uma coisa: que ia andar de skate pelo resto da minha vida.
Quem eram seus ídolos?
Meus ídolos eram Léo Kakinho, Lincoln Ueda, o próprio Cristiano Mateus e quando tive acesso aos vídeos Americanos, o Danny Way, Colin Mckay, Tony Hawk, entre outros.
Você acha que de alguma forma ajudou a mudar o jeito de se andar de skate no mundo? Por quê?
Eu faço a minha parte e amo andar de skate. Sempre mantive a mente aberta e desde moleque sou viciado em aprender manobras novas. Por isso gosto tanto de trabalhar com vídeo. Eu tentei fazer de tudo um pouco. E gosto de andar de skate onde quer que seja. Gosto muito de improvisar. Uma experiência traz novas idéias e assim por diante. Tinha época que eu andava muito mais de street do que Vertical. E isso me deu base pra evoluir e mesclar o street com o Vert. O skate é uma coisa só. Não existe limitação. E eu sempre tentei ser o mais “overall” possível.
Como está a sua carreira atualmente? E os planos para o futuro?
Estou me sentindo mais forte do que nunca, aprendendo manobras novas e correndo atrás de criações e possibilidades diferentes. Tenho uma quebra de recorde planejada pra esse ano e espero que até o lançamento do filme já esteja concretizada. Vou continuar competindo e evoluindo meu skate sempre. Só preciso de um descanso aqui e ali. De preferência em algum lugar especial com minha esposa Verônica Burnquist e nossas filhas. Pra recarregar as energias e continuar fazendo o que eu sei fazer.
Como foram as filmagens para o documentário na Califórnia na pista da sua casa e em São Francisco?
Foi bem corrido, mas muito produtivo. Eu já trabalhei em muitas produções e o Daniel Baccaro é um amigo de infância. Então a comunicação e as idéias foram fluindo sem muitos problemas. Conversávamos e planejávamos a seqüência do que fazer e por que. Tentando manter a relevância e contar a historia de uma maneira coerente. Em casa foi fácil, já tenho uma idéia por já ter filmado bastante. Em São Francisco foi diferente. Lembro que estava muito frio. Como eu morei por lá alguns anos, eu já tinha uma idéia de alguns locais que seriam bem legais para filmar e deixamos fluir também. A foto do pôster do filme é um pico clássico de São Francisco.
Como foi ganhar o seu primeiro título mundial?
Titulo mundial mesmo foi em 2000 e foi muito gratificante. Para isso, tive que vencer o Ranking, que é muito mais difícil do que um campeonato individual. É preciso constância. Naquela época, todo mundo corria e não foi fácil. Fiquei feliz e orgulhoso porque era um feito inédito para o Brasil. E ainda dividi essa alegria com o Carlos de Andrade, que ganhou o mundial de Street. Então, o Brasil conquistou dois títulos inéditos no mesmo ano! Dali em diante foi uma seqüência de conquistas atrás da outra para o Skate Brasileiro.
No Longa tem várias cenas de você engessado, de muleta e até algumas pessoas falando para você desistir de andar de skate. O que te fez continuar?
Podiam falar a vontade, quem sentia a dor era eu (risos). E para mim tudo valia muita a pena. Eu sempre fui muito dedicado e não ouvia um não como resposta. Aliás, bastava falarem para eu não fazer algo, que dava mais vontade ainda de provar a pessoas o contrario. Eu não calculava muito o risco e não sabia maneirar e ir aos poucos. Era oito ou oitenta. Eu achava que o jogo era não cair do skate.
Como foi receber o “Laureus World Sports Awards” considerado o “Oscar” dos esportes das mãos de Michael Jordan?
Essa foi uma experiência surreal. Eu nunca imaginei que o skate me levaria a Mônaco para receber um prêmio das mãos do Michael Jordan! Foi uma simbologia muito legal. Um ícone dos esportes convencionais entregando o prêmio para um skatista. Confesso que me senti um peixe fora d’água no meio daquelas celebridades todas, mas aproveitei ao máximo. Foi o momento de deixar o meu recado e representar o skate Brasileiro.
BIOGRAFIA E ENTREVISTA
LINCOLN UEDA
“ENGRAÇADO TER HOJE MEUS ÍDOLOS HOSOI E SERGIE VENTURA, INSERIDOS EM PARTE DO MEU DIA-A-DIA. SOU SÓCIO DO SERGIE VENTURA NA TYPE-S WHEELS E INTEGRANTE DA EQUIPE HOSOI SKATEBOARDS. O MUNDO DÁ VOLTAS MESMO!”
Lincoln Ueda pôs o Brasil no mapa do skate mundial ao conquistar, em 1989, o quarto lugar em um dos maiores campeonatos de skate o “Münster Monster Mastership”, disputado na Alemanha. Antes desse resultado de Ueda, os skatistas brasileiros não tinham projeção mundial. Vivendo hoje em Costa Mesa, na Califórnia, Ueda sempre foi conhecido pela consistência no half e, sobretudo, pela altura de seus aéreos, ganhando o apelido de Japonês Voador. No Ano de 2002 no Latim X-Games, levou ouro com vaga para correr no X Games da Filadélfia e em 1991 foi campeão Brasileiro profissional.
Como foi o início da sua carreira? Quais foram as dificuldades enfrentadas?
Meu inicio de carreira foi bastante tranqüilo, contei com o apoio total da minha família, a maior dificuldade foi encontrar material nacional de qualidade para a prática do skate. Na época a indústria brasileira não era tão desenvolvida como nos dias de hoje. O acesso a produtos, vídeos e revistas internacionais era difícil, de qualquer forma a vontade de andar de skate foi maior.
A pista da Ultra teve uma importância fundamental. Você achava que a Ultra teria toda essa visibilidade na história do Skate do país, ajudando na “popularização” do esporte e até mudando o jeito de praticar skate?
A Ultra foi muito importante para o desenvolvimento do skate vertical no Brasil, pois foi o berço de pessoas como Bob Burnquist e Cristiano Mateus. A evolução dos skatistas na Ultra era constante. A geração dos Ultra boys foi uma das mais fortes da época. Os eventos que lá aconteceram foram também marcantes. Houve uma época em que os campeonatos amadores da Ultra eram de nível técnico maior que o dos profissionais.
O que você achou da idéia de fazer um documentário sobre skate que tem como cenário o Brasil?
O Brasil tem uma grande participação no cenário mundial. Acho que muitas pessoas têm a curiosidade de saber nossa história. Um documentário como o “Vida Sobre Rodas” ajudará a contar um pouco do que aconteceu nas últimas décadas através de pessoas que continuam atuando no cenário mundial. O Brasil sempre estará presente na indústria do skate global. Espero que daqui a 20 anos seja possível celebrar mais um documentário como este.
Uma parte considerável das imagens do “Vida sobre Rodas” é do arquivo do seu pai, que o acompanhava e registrava todos os seus passos. Será que seu pai já imaginava que você alcançaria esse sucesso todo no skate mundial?
Com certeza meu pai nunca imaginou que as coisas chegariam a este ponto, de ver o skate nas telas de cinema, principalmente ver o filho dele participando de tudo isso. Meu pai e minha mãe sempre acreditaram no meu potencial e certamente são de muita importância na minha carreira, o apoio familiar foi, e continua sendo fundamental.
Hoje você é ídolo do segundo esporte mais praticado no Brasil e que nos anos 80 era marginalizado, além de ser referência para essa nova geração de skatistas. Como encara isso? Achava que chegaria tão longe com o skate? Quem eram seus ídolos?
Difícil de acreditar que sou referência e ídolo para uma nova geração. Tenho consciência desta responsabilidade. Nunca pensei que o skate chegaria nesta proporção, ser o segundo esporte mais praticado no Brasil. Isso mostra a importância da minha geração e das gerações passadas, que sempre acreditaram nesta cultura. Engraçado ter hoje meus ídolos Christian Hosoi e Sergie Ventura, inseridos em parte do meu dia-a-dia. Hoje sou sócio do Sergie Ventura na Type-S Wheels e integrante da equipe Hosoi Skateboards. O mundo dá voltas mesmo!
Como foi dar os depoimentos e reviver uma parte considerável de sua história? Algum fato curioso?
Foi muito legal poder relembrar do passado, tempos que deixarão saudades. Muitos fatos curiosos estarão no filme com certeza, então vamos aguardar o lançamento.
Você acha que de alguma forma ajudou a mudar o jeito de se andar de skate no mundo? Por quê?
Acho que o skate brasileiro em geral, ajudou no jeito de se andar de skate no mundo. Nossa garra, determinação e criatividade sempre serão referências para muitos.
Como está a sua carreira atualmente? E os planos para o futuro?
Continuo levando o nome do Brasil por esse mundo afora e participando de campeonatos e demonstrações. Também sou sócio de uma empresa que fabrica rodas de skate chamada Type-S Wheels. Espero continuar atuando no cenário profissional nos próximos anos e ajudar no desenvolvimento de novos negócios.
BIOGRAFIA E ENTREVISTA
CRISTIANO MATHEUS
“SERÁ GENIAL QUE AS PESSOAS CONHEÇAM ESSA HISTÓRIA E VEJAM AS DIFICULDADES QUE PASSAMOS PARA CHEGAR ATÉ AQUI”
Cristiano Matheus foi o primeiro brasileiro a acertar o 720˚ (aéreo com rotação de 720˚), manobra inventada por Tony Hawk. Em 1991, foi premiado como atleta revelação no Münster Monster Mastership, campeonato mundial realizado na Alemanha. Em 2000, conquistou o 1˚ lugar no Soul Bowl na Califórnia e o 3˚ lugar no X-Games, junto com Sandro Dias, na modalidade double. Já em 2007, ganhou a medalha de ouro no OI Vert Jam na modalidade double. No ano passado, realizou um sonho e inaugurou a nova Ultra Skate - a primeira piscina para a prática do esporte no Brasil. E em 2010, ficou com o vice-campeonato de Jump Ramp, em Barueri.
Como foi o início da sua carreira?
Quando se faz o que gosta, você nem percebe que está fazendo carreira, simplesmente acontece.
Quais as dificuldades enfrentadas por um brasileiro skatista no país e fora?
As dificuldades no Brasil eram muitas, pistas inadequadas para a prática, escassez de patrocinadores e marginalização. Ainda hoje é difícil ser skatista no país. Às vezes é preciso fazer mágica. Se colocarmos no papel, dos 200 skatistas profissionais, apenas 10 possuem bons patrocínios. Mas é gratificante quando se compete no exterior. Você sente a vibração da galera por nós brasileiros.
A pista da Ultra teve uma importância fundamental na história do Skate no país, ajudando na “popularização” do esporte e até mudando o jeito de se praticar? Você achava que ela teria toda essa visibilidade?
Com certeza não. Naquela época só pensava em praticar skate e aprender cada vez mais. Era uma competição diária com a galera que freqüentava a Ultra, ninguém queria ficar para trás. Acho que isso ajudou muito a evoluir o esporte. Mas a pista não era só skate, foi lá que criei todo meu círculo de amizade. Tenho contato com essa galera até hoje.
O que você achou da idéia de fazer um documentário sobre skate que tem como cenário o Brasil?
Lembro quando o Baccaro me ligou pedindo meu acervo e contando sobre a idéia de fazer um documentário. Fazia um tempo que não nos falávamos, mas de cara adorei a idéia. Logo depois, ele falou com o Lincoln, Sandro e Bob. Pensei, vai ser irado! Quando assisti ao primeiro trailer, chorei. Será genial que as pessoas conheçam essa história e vejam as dificuldades que passamos para chegar até aqui.
Uma parte considerável das imagens do “Vida Sobre Rodas” é do arquivo do seu pai, que o acompanhava e registrava todos os seus passos. Será que ele já imaginava que você alcançaria esse sucesso?
Acredito que não imaginava. Ele construiu a Ultra, e de lá saíram vários skatistas, como por exemplo, o Bob. E as filmagens feitas naquela época ajudaram muito na nossa evolução.
Hoje você é ídolo do segundo esporte mais praticado no Brasil e que nos anos 80 era marginalizado, além de ser referência para essa nova geração de skatistas. Como encara isso? Achava que chegaria tão longe com o skate?
Tudo isso foi fruto do nosso trabalho, conseguimos mudar a imagem da marginalização do esporte. Revistas, vídeos e a televisão ajudaram bastante, além dos próprios atletas que começaram a se profissionalizar. Quando comecei a praticar skate, andava porque gostava. Nunca passou pela minha cabeça ser profissional, simplesmente aconteceu.
Quem eram seus ídolos?
Meus atletas favoritos eram Tony Hawk, Thronn, Mureta, Hosoi, Neguinho da Anarquia e outros da época.
Você acha que de alguma forma ajudou a mudar o jeito de se andar de skate no mundo? Por quê?
Todo mundo contribui a sua maneira sendo profissional ou não. As manobras são criadas diariamente e cada um tem um jeito de se expressar em cima do skate. Acredito que ajudei na evolução com vídeos, como Silly Society, e pistas que foram fundamentais, tudo de maneira simples e despretensiosa.
Como está a sua carreira atualmente? E os planos para o futuro?
Continuo andando de skate, treinando na Mega Rampa, uma modalidade nova. Meus planos agora são colocar a loja virtual da Ultra Skate no ar e em seguida construir uma nova pista.
BIOGRAFIA E ENTREVISTA
SANDRO DIAS
“TEVE VÁRIOS FATOS CURIOSOS. QUEM ASSISTIR AO FILME VERÁ. ACHO QUE QUEM VIVEU AQUELA ÉPOCA VAI SE DIVERTIR MUITO”
Pentacampeão mundial pela World Cup Skateboarding (2003, 2004, 2005, 2006 e 2007), Tricampeão Europeu (2001, 2003 e 2005) e Medalha de Ouro dos X Games de Los Angeles (2006). Além de ser conhecido como “Rei do 540”, Sandro Dias também se notabilizou por ser o primeiro skatista da história a acertar a manobra 900º em uma volta de competição.
Como foi o início da sua carreira?
Quase 22 anos se passaram desde o meu primeiro contato com o skate. Neste período, o esporte me deu títulos, amizades e alegrias que jamais poderia imaginar quando eu era uma criança e apenas brincava com Xan, um amigo de infância, no prédio onde moro até hoje, em Santo André. Na época, por volta de 1986, pegávamos o skate do irmão do Xan, colocávamos um pneu de carro em cima e enquanto um sentava dentro, o outro empurrava na descida da garagem no maior gás. Pouco depois, às vésperas do Natal, pedi um skate para o meu pai. Queria fazer a mesma coisa e andar sentado. Após alguns meses, participei do meu primeiro campeonato na categoria iniciante. A experiência adquirida em mais alguns campeonatos e a evolução técnica me deram condições de conquistar o primeiro título cedo. Em 1988, aos 13, fui campeão brasileiro de street iniciante. Em 1989, na Alemanha, disputei o meu primeiro campeonato internacional. Apesar de ainda ser amador no Brasil, competi como profissional e terminei em 31º. Para mim foi demais, pois acabei empatando com Mark Gator que era um grande nome do skate internacional.
Quais as dificuldades enfrentadas por um Brasileiro skatista no país e fora? Por quê?
No Brasil preconceito com certeza. As pessoas tachavam skatista como marginal e drogado. Tínhamos também dificuldade de encontrar material de boa qualidade e pista pra gente treinar. A gente dividia a calçada com os pedestres, era a única forma de praticarmos o skate. As pessoas não conseguiam compreender que a gente não tinha espaço. Fora do Brasil sofríamos muito preconceito pelo skate internacional não conhecer o skate brasileiro na época. E também porque a gente tinha muitas marcas internacionais copiadas no Brasil. Então quando a gente ia pra fora, os skatistas deixavam os brasileiros de lado, boicotavam mesmo.
A pista da Ultra teve uma importância fundamental na história do Skate no país, ajudando na “popularização” do esporte? Você achava que ela teria toda essa visibilidade?
A Ultra foi uma pista que marcou uma época em que não tinha tantas pistas no Brasil de boa qualidade. Era uma das únicas pistas que tinham em São Paulo. Além disso, ela era de madeira, coberta, com segurança. Acho que ela foi tão importante que dali começou a surgir vários nomes tipo o Bob, Cris, Renatinho, Valtinho e um monte de outros. Os melhores campeonatos amadores da época de vertical eram na Ultra. Enfim, acho que ela revelou vários nomes do skate numa época em que quase não existia pista.
O que você achou da idéia de fazer um documentário sobre skate que tem como cenário o Brasil?
Achei demais, ainda mais vindo de gente que realmente conhece o skate, como o Daniel. Porque ele viveu essa época com a gente. Mesmo depois que ele parou de andar de skate ele continuou a manter contato com a galera do esporte. Quando ele contou sobre a idéia de fazer o filme eu aceitei na hora, eu sabia que ele era uma pessoa que conhecia a história, que não falaria bobeira, que não ia inventar nada, realmente ia passar o que tínhamos para falar e para mostrar. No filme a maior parte das imagens é de arquivos de amigos. Quem vê a gente nos dias de hoje não sabe o que a gente passou e o que o skate passou também.
Hoje você é ídolo do segundo esporte mais praticado no Brasil e que nos anos 80 era marginalizado, além de ser referência para essa nova geração de skatistas. Como encara isso? Achava que chegaria tão longe com o skate?
Nunca planejei chegar tão longe com o skate, andava para me divertir, não pensei em ser profissional. Teve uma época que eu parei, aí voltei andar de skate de novo, fiz faculdade, me formei, trabalhei por oito anos. Quando me formei já era profissional no skate e voltei a praticar nas pistas. Comecei sem nunca planejar nada, a gente começa brincando com o skate, como se fosse um brinquedo de criança. E você vai entrando cada vez mais no esporte, pegando gosto. Acho que foi bem isso que aconteceu na minha vida. Nunca planejei muita coisa. Comecei a planejar quando vi que tinha chance de ganhar um campeonato, aí eu comecei a planejar mais a minha vida profissional. Mas eu fico feliz que eu tenha conseguido ajudar a construir a história do skate. Acho que eu consigo dar um bom exemplo, como ser um bom atleta, como ser um bom profissional. Sem usar drogas, sem bebida alcoólica. Então eu acho que eu sou um bom espelho pra molecada de hoje.
Quem eram seus ídolos?
Hosoi e Steve Caballero.
Como foi dar os depoimentos e reviver uma parte considerável de sua história? Algum fato curioso?
Teve vários fatos curiosos. Quem assistir ao filme verá. Acho que quem viveu aquela época que o filme mostra vai se divertir muito. Tem hora que eu falava durante as filmagens e chegava a me emocionar. A minha vida como skatista foi muito legal desde o começo não tem nada do que reclamar. Foram 98%, 99% de alegria. Esse 1% são coisas que todo emprego, todo profissional sofre. Foi muito emocionante, reviver, lembrar.
Como está a sua carreira atualmente? E os planos para o futuro?
Sempre tentando evoluir a cada dia e continuar sendo o que eu sou sempre, trabalhador e fazer as coisas acontecerem. Elas não caem do céu (risos). Este ano quero me divertir e andar muito de skate. Estou animado também com a evolução e o crescimento do dia D e do Campeonato Sandro Dias de Skate Vertical Amador. Vou concentrar forças para que a molecada tenha mais espaço no Brasil.
Fonte: ATTi Comunicação
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